O filme conta a história de Valter (Marat Descartes), um homem que levanta cedo, trabalha e estuda a noite.
Casado, pai de dois filhos, atura as reclamações da esposa Iara (Ana Carbatti) que não trabalha e fica bisbilhotando a vida dos novos vizinhos.
Como os vizinhos fazem festas a noite, Valter mal consegue dormir e fica extremamente preocupado com sua família, principalmente com sua esposa. Algo que faz ele ter até mesmo alucinações.
A idéia central é muito boa, pois discutir o convívio de pessoas comuns, trabalhadores com bandidos e a influência deles na vida da comunidade traz à tona várias questões. Porém o filme foca muito mais na angustia do personagem central em cuidar da família e ser o "dono do pedaço". Há uma cena em que isso fica muito claro quando ele urina nos muros da sua casa "marcando território".
O filme traz questões como pedofilia, violência na TV, preconceito com a favela e valores familiares. Mas ao termino da sessão a impressão que tive foi de que o único tema realmente aprofundado foi o medo que Valter sentia. Medo de reagir contra os bandidos, contra o patrão que lhe explorava, etc.
Ponto forte do filme além da atuação de Descartes é ver a periferia sem estereótipo. Porém já que o próprio filme aborda outros assuntos, então deveria explorá-los melhor.
Em algumas cenas Iara é taxativa para que seus filhos não brinquem na favela, ou seja, um preconceito tão arraigado até mesmo na classe média baixa.
O filme apresenta Cássia Kiss como a professora de Valter e em uma de suas aulas ela lê A morte do leiteiro de Carlos Drummond de Andrade. E Uma poesia nova de Ferrez, nela há um trecho que resume bem o longa de Sérgio Bianchi:
"A vida é externa, a guerra já começa em nós por dentro".
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